Na exaustão começa o treino do Ki

Quando comecei a treinar espada no Aikido, repetia o primeiro Suburi centenas de vezes. Eu não entendia a razão de não podermos treinar usando o método de dividir as repetições em grupos, intercalando-os com pausas para descanso, assim como é feito na musculação.
O treino de espada tem como objetivo principal o desenvolvimento do Ki, não sendo um simples exercício de musculação. Para isso, temos que desistir da força, e o treino até a exaustão nos possibilita essa vivência, já que nossa força física se esgotou. Quando estamos exaustos, e buscamos a energia dentro de nós para prosseguirmos no treino, começa o treino do Ki.

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Estava relendo o livro O Zen nas Artes Marciais de Joe Hyams. Alguns capítulos são sobre o Aikido. Num deles, o autor narra uma de suas aulas na arte marcial de Morihei Ueshiba. Estava ele tentando executar um kata sem sucesso, até o momento que recorreu à força física. O seu sensei então disse:
- Você encarou o ataque dele de frente. Por ser forte, você o afastou, mas você não barrou a força dele, nem a intenção dele de atacar. Quando alguém o ataca, está levando contra você o seu ki, que começa a fluir no momento em que ele decide atacá-lo, ainda antes que o corpo dele se mexa. Você não precisa absolutamente tocar-lhe o corpo, caso possa redirecionar a mente dele e o fluxo de seu ki. Esse é o segredo; afaste a mente dele de você e o corpo irá atrás.
- E como posso afastar a mente dele?
- Não agredindo o fluxo de seu ki, nem deixando que ele perceba a sua intenção. Não puxe, nem empurre, nem chute. Toque-lhe apenas de leve e gentilmente o corpo, conduzindo-o para onde você quer. Desse modo, a mente dele não é contrariada e o corpo dele cederá.
Por várias vezes, durante os treinos de Aikido, percebi que ao tentar aplicar uma técnica procurando não forçar um determinado movimento, o resultado obtido era bem mais eficaz, e sem eu gastar muita energia.
Fazendo um paralelo com a vida, muitas vezes entramos em atrito com outras pessoas, somente porque queremos que elas se comportem da forma que queremos. Adaptar-nos às diferenças entre as pessoas é o caminho da harmonia.

Simulado de exame de faixa

Hoje o Sensei realizou um simulado para o exame de faixa que ocorrerá na próxima semana. Após algumas de suas observações, ele lembrou que os detalhes na aplicação da técnica fazem uma grande diferença, e que eles estão se perdendo na difusão do Aikido.
No Dai Ni Kyo, assim como em diversas outras técnicas aonde se envolve as costas da mão do uke, não deve haver nenhuma folga entre a mão do uke e a do tori.
Na aplicação do Dai Ni Kyo, observei que o ponto aonde fazemos o corte é bem próximo do pulso, não havendo também nenhuma folga. Nessa técnica, milímetros fazem diferença.
Em Suwari Waza Dai Yon Kyo, na finalização já damos o passo final aplicando a imobilização. O uke já sente a pegada ao nos aproximarmos dando o passo. Em tate, o antebraço deve fazer um ângulo de 45 graus com o chão.
Em Ushiro Ryo Sode Tori Kotegaeshi, o tori deve se agachar um pouco ao passar por baixo do braço do uke, evitando-se o choque entre os dois.
No Tenchi Nague, o braço que vai para o céu deve entrar ao lado da cabeça do uke.